Concilia Paraná: As histórias emocionantes por trás dos números
O mutirão do Concilia Paraná atendeu a quase 200 pessoas na Câmara Municipal de São José dos Pinhais, no último dia 12 de junho. O programa da Defensoria Pública em parceria com o Legislativo é focado na área de Família e rendeu: 63 acordos, 5 coletas de DNA e 57 encaminhamentos.
Por trás desses números, estão histórias de pessoas que precisavam de uma oportunidade como essa para resolver as pendências e seguir a vida.
Confira algumas histórias:
Pai solteiro quer o seu nome no registro da filha
O exame de DNA se tornou o caminho para o imigrante venezuelano Elian Timaure, 23 anos, provar que a pequena Ohana Guzmán Carvajal, de apenas três meses, é também sua filha biológica. Também, porque filha ela já é, pois vive com ele praticamente desde o nascimento.
Há três anos vivendo Brasil, Elian tem uma verdadeira história de telenovela venezuelana para contar. Quando a mãe de Ohana engravidou, começou um relacionamento com outro rapaz, que registrou a filha de Elian como se fosse sua. Porém, com poucos dias de nascida, a mãe da menina decidiu que não queria ficar com a bebê e entregou para que Elian a cuidasse, mesmo não tendo registrado como o pai. Como se fosse pouco, ainda havia uma prima da mãe de Ohana na história, uma mulher que não pode ter filhos e queria convencer que a mãe da menina a deixasse adotá-la a todo o custo.
Para ficar mais tranquilo, Elian resolveu que era a hora de fazer o DNA. Por isso, quando ficou sabendo por um grupo de WhatsApp do mutirão do Concilia Paraná, resolveu vir e obter o exame gratuitamente. “O rapaz que registrou a minha filha quer tirar o nome, e eu quero dar o meu, então nada como aproveitar o momento”, emociona-se o jovem, que veio para o DNA acompanhado da avó, Elizabeth Marquez. Deste modo o venezuelano, que trabalha como guardador de veículos no Aeroporto Afonso Pena, poderá dar continuidade à sua vida em família no bairro Ouro fino, no qual reside em São José dos Pinhais.
Um amor de 20 anos que agora será formalizado
Há 23 anos juntos, José de Arruda Camargo Neto, 76 anos, e Gleice Maria Tamborim, 67 anos, finalmente poderão realizar o desejo de formalizar a sua relação. Tudo por que seu José conseguiu se divorciar durante o Concilia Paraná. Divórcio que, segundo ele, se arrastava por 25 anos. “Sempre havia um motivo ou outro que fazia com que não se concretizasse, agora conseguimos graças ao atendimento rápido e eficiente”, elogia.
A ex-esposa, que reside em Curitiba, atendeu a Defensoria Pública por chamada de vídeo. “O filho dela fazendo assistência técnica lá, o defensor comigo aqui e deu tudo certo”, comemora José. Como o divórcio era de comum acordo, seu José já saiu livre para pedir a atual namorada em casamento. “Se você me aceita como sou”, ponderou. Gleice aceitou e o beijou emocionada diante das câmeras de celular que registravam o momento.
O casal já mora junto no Jardim Itália onde tem uma empresa de higienização e triagem de uniformes.
Do Amazonas para São José dos Pinhais
O comerciante amazonense Jaildo do Nascimento Coelho, 46 anos, vive há um ano em São José dos Pinhais, mas trouxe na bagagem um problema mais antigo: o divórcio que não saía nunca, mesmo estando há oito anos separado da ex-esposa.
Ao ficar sabendo do mutirão em um grupo de mensagens de seu bairro, o Del Rei, não teve dúvidas: entrou em contato com a ex, que mora em Manaus (AM), para que pudessem se divorciar oficialmente. “Ela ficou sabendo quase na hora”, conta Jaildo. Para tanto, o defensor público fez uma chamada de vídeo diretamente da Câmara Municipal para a ex-esposa de Jaildo, sacramentando o divórcio. “Com a tecnologia e a eficiência do trabalho aqui, foi possível resolver”, elogia o comerciante “É muito bom quando você consegue solucionar um problema de tanto tempo”, comemora.
Um presente para o filho
Diferentemente da maioria dos casos, quando a mãe tem de pedir reconhecimento de paternidade para um filho, Patrick Ribeiro, 27 anos, é quem resolveu correr atrás para colocar o seu nome como pai do filho de 9 anos. “Ele já pergunta porque os nomes dos irmãozinhos têm o sobrenome diferente do dele”, diz o jovem.
Patrick conheceu o filho com quinze dias de vida. No parto, encontrava-se afastado da mulher, e ele acabou registrado sem o pai. O jovem dispensou o DNA para reconhecer o pequeno: “é meu filho”, diz com segurança. Morador do bairro Zaniolo, ele conta que vai embrulhar para presente o documento de reconhecimento da paternidade e entregar ao filho em casa. “Tudo pela alegria dele”, conclui.
Uma oportunidade para se divorciar
O ex-casal Tiago Vinícius dos Santos Rodrigues, 27 anos, e Jeane Caroline Chagas da Silva, 24 anos, viveram juntos por cinco anos, quando perceberam que não funcionavam mais juntos e resolveram se separar. Porém, como ambos estão desempregados, não tiveram dinheiro e o divórcio já se arrastava por um ano.
Para piorar a situação, Tiago, que tem diabetes desde criança, está perdendo a visão, o que dificulta mais ainda para arrumar emprego. “Fui fazer exame em Campo Largo e a médica disse que de um dos olhos não enxergo nada e do outro muito mal”, conta. Jeane é auxiliar de produção, mas também está desempregada. Assim que ficaram sabendo do Concilia Paraná, não tiveram dúvidas e vieram. Saíram satisfeitos com o seu novo estado civil, solteiros.